quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Condrictes e Osteictes

   Os peixes ósseos, também chamados de osteíctes ou osteichthyes, são o grupo de vertebrados com maior número de espécies, esses peixes podem ser encontrados em lagos, córregos, rios, oceanos e em todas as regiões do globo terrestre, sejam elas polares ou tropicais.
   Como o próprio nome sugere, esses animais possuem esqueleto formado principalmente por ossos, entretanto, em algumas espécies, são encontradas partes compostas por cartilagem. Uma das características mais marcantes e de fácil visualização é a presença do opérculo, estrutura que protege as brânquias desses animais e que se movimenta, aumentando a circulação de água e, consequentemente, a troca de gases respiratórios pelas brânquias. Em peixes cartilaginosos, não é possível verificar essa estrutura e, portanto, as brânquias permanecem expostas. Nos osteíctes, são normalmente encontrados quatro a cinco pares de brânquias.
   As escamas dos peixes ósseos possuem origem dérmica, sendo uma característica importante na diferenciação desse grupo com os peixes cartilaginosos. Além dessas características, esses animais possuem glândulas de muco em seu corpo que facilitam a natação, nadadeiras mais flexíveis quando comparadas às nadadeiras dos condrictes. Essa flexibilidade auxilia na mudança de direção e permite ao animal realizar manobras mais rápidas. Esses peixes também possuem linha lateral constituída por células sensoriais chamadas de neuromastos, que têm a capacidade de captar vibrações na água, repassando-as ao sistema nervoso do animal.
   A presença de bexiga natatória também é uma notável característica dos osteíctes. É um órgão que atua como uma boia, permitindo que o peixe permaneça em equilíbrio em diferentes profundidades.
   A bexiga natatória é formada a partir de uma evaginação do trato gastrointestinal. Há peixes em que a bexiga natatória se liga à faringe através do ducto pneumático esses são chamados de fisóstomos, enquanto os que não possuem essa ligação são chamados de fisóclistos. Os peixes fisóstomos enchem sua bexiga natatória engolindo ar da atmosfera. Já os peixes fisóclistos enchem-na através de uma glândula denominada glândula de gás, que retira oxigênio do sangue.


 
   Situada em posição anterior no corpo, a boca da maioria dos peixes osteíctes possui dentes e mandíbulas. Seu sistema digestório é completo, apresentando pâncreas, fígado bem desenvolvido (participa ativamente da digestão) e intestino sem válvula espiral, que finaliza no ânus (não há cloaca).
   Os osteíctes possuem sistema circulatório fechado, com o coração composto de um átrio e um ventrículo. Esses animais fazem a excreção através de rins que se localizam acima da bexiga natatória, sendo a ureia a sua principal excreta.
Reprodução
   Os sexos são separados, ou seja, existem machos e fêmeas. A grande maioria é ovípara com fecundação externa, embora existam espécies com fecundação interna e hermafroditas.
As fêmeas expulsam os óvulos na água e depois os machos liberam seus espermatozoides sobre eles.
As espécies de mar alto produzem enormes quantidades de ovos, pois a maioria não sobrevive, que passam a fazer parte do plâncton, enquanto espécies costeiras os colocam entre detritos e folhas ou no fundo. Algumas espécies cuidam dos ovos e/ou dos juvenis, guardando os ninhos e mantendo-os oxigenados com jorros de água. Outros incubam os ovos na boca ou permitem que os jovens lá se recolham quando ameaçados.
   Várias espécies migram grandes distâncias para desovar.



Curiosidades
   Os peixes ósseos são os únicos que formam cardumes, por vezes com dezenas de milhar de indivíduos. Nos cardumes os peixes deslocam-se sincronizadamente, como se fossem um só. Cada peixe segue paralelamente ao seu vizinho, a uma distância de cerce de um comprimento do corpo e mantém a sua posição devido à ação da visão, audição e linha lateral. A cor prateada da maioria dos peixes que fazem cardumes é fundamental pois ajuda a detectar os movimentos uns dos outros (uma pequena mudança de direção produz uma grande diferença a nível da luz refletida).
   Num cardume os peixes estão mais seguros pois há mais sentidos atentos a um potencial predador e torna-se mais difícil escolher a presa no meio de tantos corpos em movimento. A vida em grupo também ajuda a encontrar alimento e parceiros sexuais.
 
   Os condrictes, também conhecidos como peixes cartilaginosos, pertencem à classe Chondrichtyes (do grego chondros = cartilagem; ichthyos = peixes) são representados por tubarões, arraias e quimeras. Existem cerca de mil espécies de condrictes, sendo tubarões e arraias os grupos mais diversos, seguidos pelas quimeras. A maioria das espécies de condrictes é marinha.
   A principal característica desses organismos é que eles possuem um esqueleto constituído por cartilagem, embora possam ser impregnados com cálcio.
   São animais que apresentam nadadeiras peitorais e pélvicas, que proporcionam ao animal maior velocidade, estabilidade e maior capacidade de subir ou descer na água. Possuem glândulas produtoras de muco na pele e escamas placoides que se assemelham a pequenos dentes, sendo também conhecidas como dentículos dérmicos.
   Apresentam corpo fusiforme (tubarões e quimeras) ou achatado (arraias) essa característica hidrodinâmica relacionada à forma alongada ou discoide, confere grande mobilidade aos peixes, diminuindo a resistência e facilitando o movimento no ambiente aquático, auxiliando a funcionalidade das nadadeiras. São ectotérmicos, ou seja, a temperatura do corpo é variável.

A classe dos condrictes se divide em:
   Holocephali (holecéfalos) → As quimeras: organismos com cerca de 1 metro de comprimento, olhos grandes, calda longa e flexível, ausência de escamas revestindo o corpo, possuem brânquias protegidas por opérculo, habitando águas oceânicas de baixa temperatura (entre 100 e 1500 metros de profundidade).


   Elasmobranchii (elasmobrânquios) → Os tubarões e as raias: com aproximadamente 790 espécies, os organismos deste grupo chegam a medir de 6 a 20 metros de comprimento, possuindo fendas branquiais sem proteção opercular, com proeminente região anterior da cabeça formando o rosto, alojando em posição ventral o aparelho bucal capaz de se projetar.



   Os condrictes possuem a boca localizada na parte ventral do corpo, com mandíbulas e várias fileiras de dentes pontiagudos que são repostos periodicamente. Na respiração, a água (contendo oxigênio dissolvido) entra pela boca, passa pela faringe e banha de cinco a sete pares de brânquias (onde o O2 é absorvido) e sai pelas fendas branquiais.

   Possuem sistema digestivo completo composto por esôfago, estômago, intestino com válvula espiral (tem a função de aumentar a absorção de nutrientes e retardar a digestão), pâncreas e fígado. No final do intestino encontramos a cloaca, onde se localizam os sistemas reprodutor e urinário.
   Os condrictestêm sistema circulatório fechado e simples, que se constitui de artérias, veias e capilares que se ligam a um coração dotado de duas câmaras com um átrio e um ventrículo. São animais que mantêm alta concentração de ureia em seu corpo para impedir a perda de água para o meio externo. Têm o sistema excretor composto por um par de rins, do qual saem ductos que chegam até à cloaca, onde a urina é eliminada.
   Sistema nervoso dos condrictes é bem desenvolvido e se compõe de encéfalo, medula espinhal, nervos e gânglios nervosos. Os tubarões são animais que enxergam muito bem, no entanto não conseguem distinguir cores. As narinas não desempenham função respiratória, contudo o olfato aguçado é capaz de detectar, através de quimiorreceptores, pequenas frações de substâncias (uma gota de sangue) dissolvidas no oceano, a quilômetros de distância. Portador de orelha interna, sensível a vibrações causadas por perturbação na água. Nas laterais desses animais podemos perceber a presença de linhas, que são estruturas formadas por fileiras de canais cheios de água que se comunicam através de poros com a água do meio exterior. No interior desses canais há células capazes de detectar variações de pressão da água, vibrações, movimentos de outros peixes e sons de baixa frequência.

   Os condrictes são dioicos: têm reprodução sexuada com fecundação interna e desenvolvimento direto. Os machos possuem as nadadeiras pélvicas modificadas, formando o clásper (órgão copulador), responsável por introduzir o esperma na cloaca das fêmeas. Os condrictes ovíparos apresentam ovos protegidos por uma casca grossa e coriácea, apresentando ganchos para fixação a substratos submersos. Já as fêmeas dos condrictes ovovivíparos guardam os ovos no interior do corpo, eliminando-os quando concluem o seu desenvolvimento embrionário. Poucas espécies de condrictes são vivíparas. Nesse caso, há uma estrutura semelhante à placenta que nutre o embrião até o final do seu desenvolvimento.

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